
(foto: sophiarui: "atingir a transparência")- Estás pronto? Agora é a sério!Não conseguia deixar de olhar para aquela janela. Depois de tantos anos de ausência, tinha voltado. A sala ainda se encontrava com alguns objectos. A velha ama que nos acompanhara durante aqueles anos não se esquecera de tapar todos os móveis, todos os bibelôs com aqueles enormes e velhos lençóis que serviram, noutros tempos para fingir montanhas cheias de neve onde escalavam os velhos bonecos à procura de tesouros ou sobreviventes em avalanches imaginárias.
Um…
Havia uma neblina no ar. Deveria tê-los tirado mais devagar. O velho cão olhava para mim de forma intrigante. Imaginava-lhe os pensamentos. Ora olhava para mim, ora me acompanhava na observação daquela janela. Como um pequeno pêndulo.
Dois…
A madeira gasta ainda era pisada por passos pesados e cansados. Nunca mais me esqueci do grito. E depois o silêncio ensurdecedor.
Três…
Atirou-me a bola. Com força. E apesar da velocidade, senti que ia ser hoje. O meu braço respondeu. Tinha as mãos bem fixas. Rodei os braços e o taco, agora encostado ali no canto (vês?), foi ao encontro da bola. Uma tacada forte, certeira. Os olhos dele brilhavam ao mesmo tempo que a bola voava, feliz. Quem não gostou foi o vidro que gritou assim que a bola o cumprimentou.
Sim, estava de volta. Aquela casa ia voltar, simplesmente, a ser.